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Esclerodermia: o que é, quais os sinais e tratamentos.

médica consultando paciente com esclerodermia - Dr. Marcelo Corrêa, reumatologista de Belém - PA

Na realidade, a esclerodermia não é uma única doença, mas sim um conjunto de manifestações reumatológicas que causam o endurecimento da pele. Em alguns casos, os sintomas vão além desse órgão e afetam estruturas internas do corpo, caracterizando a esclerose sistêmica

A condição é bastante rara e estima-se que 200 a 300 pessoas sejam acometidas por ela a cada um milhão de habitantes. Essa doença é crônica e não tem cura, contudo, o tratamento reumatológico adequado proporciona altas chances de conter o seu avanço. 

Entenda mais sobre essa enfermidade rara, incluindo as suas manifestações, os sintomas, os tipos, o diagnóstico e os principais tratamentos. 

O que é esclerodermia? 

Os pacientes com esclerodermia possuem uma condição autoimune que faz com que as células do sistema imunológico provoquem alterações em tecidos, como a pele. Dessa forma, o tecido cutâneo produz uma proteína, o colágeno, em excesso. Essa substância acumula-se, gerando um processo de fibrose semelhante ao que acontece durante a cicatrização. 

Todas as doenças do conjunto atingem a pele, entretanto, existem algumas diferenças quanto ao nível dos sintomas e aos problemas em órgãos internos. Também há a morfeia, que afeta somente a pele, conforme explicaremos em detalhes mais à frente. 

Apesar de não existir cura para a enfermidade, ela pode ser controlada. A maior parte dos pacientes acometidos pela doença consegue levar uma vida normal com a adoção de alguns cuidados e medicamentos. 

Esclerodermia vs. esclerose sistêmica

A esclerodermia é o nome da condição, quando o principal órgão atingido é a pele. Já a forma sistêmica ou esclerose sistêmica ocorre quando o mesmo mecanismo de ação compromete órgãos internos, como o trato digestivo, os pulmões e até o coração. 

A forma localizada da doença afeta, principalmente, as crianças. Já a forma sistêmica é mais comum em adultos na faixa dos 40 anos de idade. As mulheres também têm maiores chances de receber o diagnóstico de esclerose sistêmica, devido a questões ainda não bem esclarecidas. 

Tipos da doença localizada

Quando falamos na condição localizada, ou seja, a que afeta somente a pele, podemos defini-la de acordo com a forma das lesões e a amplitude do problema. Os dois principais tipos são a morfeia e as apresentações lineares da doença.

Morfeia

Os pacientes diagnosticados com morfeia apresentam partes da pele levemente descoloridas e endurecidas, porém, sem qualquer sinal de dor. As mutações cutâneas surgem em qualquer parte do corpo. Na maioria dos casos, os sintomas aparecem nas seguintes regiões: barriga; peito; costas; rosto; braços; e pernas. 

Inicialmente, os locais podem manifestar apenas manchas mais claras, sem mudança na textura. No entanto, com o avançar do tempo, a tendência é que a pele fique mais grossa e rígida, podendo até impedir o movimento de algumas articulações. 

Também há pacientes com sintomas que melhoram em certos períodos, sem qualquer tratamento, e retornam meses mais tarde. 

Linear

A esclerodermia linear é bastante recorrente em crianças e adolescentes. As lesões de fibrose acontecem em forma de um padrão de bandas ou linhas que ficam somente em metade do rosto ou do corpo. 

Um dos aspectos mais característicos é chamado de “lesão em golpe de sabre”, visto que ocorre no crânio. Nesses quadros, a pele fica hiperpigmentada (escurecida) ou hipopigmentada (clareada). As marcas também são percebidas no tronco, nos membros e em outras partes do corpo. 

médica pegando nas mãos de paciente com esclerodermia - Dr. Marcelo Corrêa, reumatologista de Belém - PA

Tipos de esclerodermia sistêmica

Esclerodermia sistêmica é o nome dado à versão mais grave da doença, que além da pele, pode comprometer vasos sanguíneos e órgãos internos, provocando problemas sérios a médio e longo prazo. Este tipo de enfermidade é dividido em 2 subtipos.

Sistêmica cutânea difusa 

O problema atinge a pele, provocando os sintomas clássicos da doença. Mas também atinge partes internas da região central do corpo, causando comprometimento de órgãos internos e também dos membros. 

Os principais órgãos atingidos são intestinos, coração, pulmões e rins. Esta versão da doença exige muita atenção e busca imediata por tratamento, pois o comprometimento dos órgãos importantes pode ser fatal.

Sistêmica cutânea limitada 

Neste tipo a pele é afetada de forma mais localizada, atingindo mãos, pernas, pescoço, rosto e antebraços. Além disso, ela pode se espalhar para órgãos internos, mesmo que de modo tardio.

As complicações também são mais localizadas, restringindo-se sobretudo aos pulmões e ao tubo digestivo. 

Sintomas comuns na doença reumatológica

A doença reumatológica é caracterizada pelo endurecimento da pele em partes variadas do corpo, como: dedos; mãos; pés; rosto; braços e antebraços; peito; abdômen; e pernas e coxas. 

Contudo, nem sempre a pele enrijecida aparece logo no início da doença. A princípio, o paciente pode apresentar somente manchas cutâneas e coceira em algumas partes do corpo. Outro sinal prevalente é o acúmulo de cálcio, em especial, nas pontas dos dedos. Isso faz com que ocorram pequenos nódulos que podem ser notados na palpação ou no exame de raio-X. 

Fenômeno de Raynaud

Sintomas diversos que vão além das manifestações cutâneas ocorrem por causa do fenômeno de Raynaud. A condição provoca uma contração de pequenos vasos sanguíneos nas pontas dos dedos. 

Esse sintoma não é contínuo e costuma ocorrer somente se o paciente passar por momentos de estresse e tensão extremos. Nessas ocasiões, os dígitos podem ficar com tons arroxeados ou azuis em virtude da dificuldade de retorno sanguíneo. O fator pode estar acompanhado de dor ou formigação. 

Em casos raros, o fenômeno de Raynaud pode surgir em quem não possui esclerodermia. 

Ocorrências digestivas

Em pacientes com esclerose sistêmica, os tecidos de órgãos digestivos podem sofrer alterações. Nesse caso, os sintomas dependem bastante da área afetada, podendo incluir: azia; dificuldade para engolir; constipação; incontinência fecal; inchaço; e diarreia. 

Problemas cardíacos e respiratórios

Também existem quadros com fibrose que se espalham para o coração ou as vias respiratórias. Os principais sinais são:

  • Dificuldades para respirar.
  • Falta de ar e tontura ao realizar exercícios.
  • Hipertensão pulmonar.
  • Acúmulo de líquido nos membros inferiores.
  • Outros. 

O caso envolvendo sintomas respiratórios e cardíacos é considerado grave. O aumento de pressão na circulação entre o coração e os pulmões, por exemplo, pode desencadear também acúmulo de líquido ao redor da região coronária. O paciente ainda pode sofrer com arritmia e possui maior risco de falha cardíaca. 

Pessoa com esclerodermia - Dr. Marcelo José Uchoa Corrêa Reumatologista de Belém - PA

Principais complicações da esclerodermia

As complicações da esclerodermia são mais comuns em sua forma sistêmica e têm maiores chances de se desenvolverem quando há um atraso no diagnóstico e início do tratamento.

Como sabemos, diversos órgãos podem ser comprometidos, o que já é por si só uma grave complicação. Mas à medida que o quadro avança, as funções desses órgãos podem ser severamente prejudicadas, fazendo com que o paciente enfrente sintomas graves, como:

  • Dificuldades para movimentar os dedos;
  • Dificuldades para respirar;
  • Anemia;
  • Problemas cardíacos;
  • Insuficiência renal;
  • Artrite;
  • Dificuldades para engolir.

Manifestações esofágicas da esclerodermia

O principal sintoma de que a esclerodermia afetou o esôfago é a disfagia (dificuldade de engolir). Nesse caso, os alimentos ficam retidos entre a boca e o estômago e não seguem seu caminho natural com facilidade.

Além disso, o paciente também costuma se queixar de queimação, azia e tosse, pois o conteúdo do estômago eventualmente retorna para o esôfago. Portanto, o problema pode ser aliviado com a redução do consumo de alimentos que geralmente causam refluxo, como álcool, frituras e cafeína. Ademais, é importante comer devagar e mastigar bem. 

Nesse contexto, o paciente também deve evitar deitar-se logo após as refeições, sendo importante usar alguns mecanismos que deixem a cabeceira da cama mais elevada. O médico também pode receitar alguns medicamentos que ajudem a controlar o refluxo.

Manifestações intestinais da esclerodermia

As complicações intestinais da esclerodermia podem representar grandes problemas no dia a dia do paciente; por isso, é fundamental que ele mantenha um diálogo aberto com o seu médico, assim eles podem trabalhar em conjunto em busca das melhores soluções. Nesse sentido, as manifestações mais comuns são:

  • Diarreia, provocada por um crescimento anormal das bactérias presentes no estômago;
  • Constipação, já que pode haver uma redução na movimentação do intestino – e, em casos mais graves, as fezes retidas formam uma obstrução, o que exige tratamento imediato;
  • Incontinência fecal, presente em situações mais raras, em que a perda de fezes ocorre de maneira involuntária.
Mulher de meia idade com sintomas de esclerodermia - Dr. Marcelo José Uchoa Corrêa Reumatologista de Belém - PA

Impacto da esclerose sistêmica no coração

A chegada da esclerose sistêmica ao coração é considerada uma complicação grave. Isso porque ela pode afetar esse órgão de diversas formas, por exemplo, atingindo o músculo cardíaco chamado de miocárdio. Isso ocorre devido a alterações circulatórias e fibrose, que levam a problemas no enchimento das câmaras do coração.

Essa alteração faz com que o sangue tenha dificuldades em chegar a todas as partes do corpo, gerando a chamada insuficiência cardíaca. Nesse caso, os sintomas da condição são: cansaço, inchaço nas pernas e falta de ar.

Além disso, também ocorrem alterações no sistema de condução devido à inflamação no tecido que controla os batimentos cardíacos e à fibrose, o que causa arritmias, tontura e até desmaio.

Por fim, outra complicação é o acometimento do pericárdio, que pode apresentar um aumento de líquido na membrana. Nessa hipótese, os sintomas da condição são: falta de ar, aumento dos batimentos cardíacos e dor no peito.

Definição de hipertensão pulmonar

A hipertensão pulmonar é outra complicação da esclerodermia, caracterizada pelo aumento da pressão nos vasos responsáveis por conduzir o sangue do coração aos pulmões para que ele seja oxigenado.

Geralmente, o problema surge devido a um endurecimento desses vasos, o que torna a passagem do sangue mais difícil. Essa complicação atinge de 10 a 20% dos pacientes com esclerose e o sintoma mais comum é o cansaço excessivo ao fazer algum esforço. Além disso, quando o quadro se agrava, o paciente sofre de falta de ar, mesmo em repouso, e inchaço nas pernas.

Tratamentos disponíveis para hipertensão pulmonar

Existem diversos tratamentos disponíveis para a hipertensão pulmonar e sua aplicação vai depender da gravidade do quadro. Assim, para um acompanhamento mais completo, o paciente deve consultar-se com reumatologistas, cardiologistas e pneumologistas, que irão receitar:

  • Vasodilatadores específicos;
  • Diuréticos para reduzir o inchaço e a sobrecarga no coração;
  • Oxigênio inalatório para melhorar a oxigenação.

Exames principais para a avaliação cardíaca na esclerodermia

Por se tratar de um agravante sério, o comprometimento cardíaco deve ser devidamente analisado na esclerodermia. Para fins diagnósticos, o médico pode solicitar uma série de exames, como:

  • Ecocardiograma: é feito de forma periódica em todos os pacientes diagnosticados com a doença. Nesse exame, são usadas ondas sonoras para obter imagens do coração e avaliar a saúde do músculo cardíaco. Os demais exames são solicitados conforme a necessidade;
  • Eletrocardiograma: avalia o ritmo e os batimentos cardíacos;
  • Ressonância nuclear magnética cardíaca: é um exame de imagem do coração que analisa o órgão em detalhes para que seja possível visualizar áreas inflamadas e com fibrose;
  • Cateterismo cardíaco: é usado para confirmar a hipertensão pulmonar por meio da medição da pressão nas artérias pulmonares.

Sintomas da fibrose pulmonar

A fibrose pulmonar pode não apresentar qualquer sintoma se o acometimento for pequeno. Mas, à medida em que o problema evolui, surgem algumas queixas, como falta de ar mesmo em repouso, tosse seca e dificuldades para respirar ao executar tarefas simples.

Homem realizando um exame para diagnóstico - Dr. Marcelo José Uchoa Corrêa Reumatologista de Belém - PA

Exames necessários para a avaliação pulmonar

O nível de comprometimento pulmonar pode ser avaliado por meio de exames específicos. Os principais são:

  • Tomografia computadorizada de alta resolução de tórax: gera imagens detalhadas da região, possibilitando a visualização do tipo e tamanho do acometimento pulmonar. É o principal exame solicitado para essa avaliação;
  • Prova de função pulmonar (espirometria): permite que a limitação da expansão pulmonar, causada pela fibrose, seja avaliada e acompanhada;
  •  Exames para avaliar oxigenação do sangue: os exemplos mais comuns de exames desse tipo são a oximetria e a gasometria arterial.

Tratamento das complicações pulmonares

O acometimento pulmonar será tratado conforme o seu grau de gravidade. Pacientes fumantes devem cessar esse hábito imediatamente para não agravar o quadro. Além disso, outras práticas são receitadas pelos especialistas:

  • Manter a vacinação em dia para reduzir os riscos de infecções pulmonares, sendo importante que o paciente esteja protegido sobretudo contra pneumococo e influenza (gripe);
  • Fazer uso de imunossupressores para controlar a inflamação dos vasos sanguíneos e a fibrose pulmonar;
  • Realizar sessões de oxigenoterapia, indicadas em casos mais graves para suprir a demanda de oxigênio quando os pulmões estão muito comprometidos. 

Envolvimento renal na esclerodermia

Em casos mais raros, a esclerodermia afeta os vasos sanguíneos dos rins. Esse tipo de acometimento tem dois sintomas principais: o aumento da pressão arterial e a insuficiência renal, que surge de forma rápida e progressiva, mesmo que anteriormente o paciente não tenha apresentado nenhuma doença renal e nem problemas de hipertensão.

O quadro evolui de forma assustadora, mas felizmente é totalmente tratável. Entretanto, o sucesso do tratamento depende de um diagnóstico precoce, antes que os rins sofram danos irreversíveis. Por isso, pacientes com esclerose sistêmica devem verificar a pressão arterial regularmente e estar sempre em contato com o seu médico para relatar qualquer sintoma.

Quais os grupos que mais sofrem com a doença?

Embora os motivos não sejam claros, a doença é mais comum em mulheres, tanto a forma localizada quanto a sistêmica. Além disso, em crianças, a forma localizada é mais comum do que a sistêmica.

Principais causas e fatores de risco da esclerodermia

A esclerodermia ocorre quando existe produção exagerada de colágeno no organismo, uma proteína utilizada em diversos tecidos fibrosos, incluindo a pele. Apesar de compreenderem o mecanismo de ação dos sintomas, os especialistas ainda não possuem certezas quanto à sua origem. 

O que se sabe é que a doença é desenvolvida por motivos autoimunes que podem afetar qualquer um. A enfermidade deve surgir por causa de uma combinação entre fatores ambientais e genéticos, dentre outros. 

Contudo, algumas pessoas fazem parte do grupo mais atingido e estão sob o risco. Confira as questões que influenciam ou potencializam o acometimento da doença:

  • Fatores genéticos: alguns genes podem aumentar as chances da doença em certas famílias e grupos étnicos; 
  • Fatores ambientais: a exposição a determinados vírus, medicações ou drogas eleva o risco da doença. Por isso, quem trabalha com alguns elementos químicos pode desenvolvê-la com maior frequência;
  • Problemas associativos: por ser uma doença autoimune, quem já possui outras condições do tipo também faz parte do grupo de risco. 

Diagnóstico com reumatologistas

Os reumatologistas conseguem iniciar o diagnóstico com base na avaliação clínica e no histórico médico do paciente ainda no consultório. Ao analisar os sintomas cutâneos, é possível levantar a suspeita da doença e recomendar alguns exames complementares. Entre os principais procedimentos, estão: 

  • Análise de sangue com doseamento de anticorpos.
  • Capilaroscopia, que avalia os vasos sanguíneos debaixo das unhas. 

Se houver outros sintomas, além dos cutâneos, será necessário investigar o comprometimento nos demais órgãos.

Quem sofre dessa doença reumatológica pode se aposentar?

Sim. Essa doença reumática pode qualificar o paciente para uma aposentadoria precoce. Isso ocorre porque trata-se de uma enfermidade incurável, que pode progredir lentamente, deixando a pessoa incapacitada para algumas atividades.

Assim, a aposentadoria torna-se uma solução para que o paciente tenha uma melhor qualidade de vida e consiga acessar o tratamento adequado com mais tranquilidade.

Para que o benefício seja aprovado, é preciso passar por uma avaliação com o médico do trabalho, no qual será feito um laudo atestando que o paciente deve afastar-se permanentemente de suas atividades.

Esse processo pode ser um pouco demorado e exigir algumas visitas a consultórios e agências do INSS. 

Dicas para melhorar a qualidade de vida dos pacientes com esclerodermia

A esclerodermia não tem cura, mas o paciente pode melhorar a sua qualidade de vida se seguir o tratamento à risca. Além disso, existem algumas medidas comportamentais a serem adotadas no dia a dia, que podem melhorar ainda mais o prognóstico da doença.

  • Proteger-se do frio: durante o inverno os sintomas se tornam mais intensos, então é fundamental que o paciente se proteja adequadamente para passar por esses períodos com mais tranquilidade;
  • Não fumar: a nicotina é responsável por contrair os vasos sanguíneos de forma permanente, o que é altamente prejudicial aos pacientes que sofrem dessa doença;
  • Adaptar a dieta: uma das principais adaptações a serem feitas na dieta do paciente é evitar alimentos ácidos, que podem agravar os sintomas. Além disso, adotar uma dieta saudável irá trazer diversos benefícios em todos os aspectos da saúde do paciente;
  • Praticar exercícios físicos: a prática regular de atividades físicas é importante para a manutenção da saúde de forma geral e também ajuda pacientes com este tipo de problema a reduzirem a rigidez muscular e melhorar a circulação sanguínea. Os exercícios devem ser orientados por um profissional, que será capaz de ajustar a carga e a intensidade conforme a capacidade e as preferências individuais do paciente.

Tratamento para esclerodermia

Há alguns tratamentos para a esclerodermia dependendo da manifestação clínica. Os medicamentos ajudam a diminuir o enrijecimento da pele ou conter o avanço da condição. Os remédios recomendados podem apresentar as seguintes ações: 

  • Melhorar a circulação sanguínea.
  • Reduzir a atividade do sistema imunológico.
  • Esteroides para diminuir a rigidez articular ou muscular.
  • Hidratar partes enrijecidas da pele.
  • Controlar sintomas em outros órgãos, como coração e pulmão. 

Por ser uma condição crônica, o paciente precisará fazer visitas de rotina ao reumatologista, para acompanhar o desenvolvimento dos sintomas e a evolução terapêutica.

Medicamentos

Os reumatologistas prescrevem medicamentos conforme os sintomas apresentados por cada paciente. As principais opções são:

  • Anti-hipertensivos: usados para controlar a hipertensão arterial;
  • Anti-inflamatórios e corticoides: são utilizados para reduzir a dor nas juntas e a rigidez nas articulações;
  • Inibidores de bomba de prótons: portadores dessa doença podem sofrer sintomas incômodos no aparelho digestivo, como o refluxo. Essas manifestações são controladas com os inibidores de bomba de prótons;
  • Vasodilatadores: é a medicação mais indicada para tratar pacientes que desenvolveram o fenômeno de Raynaud;
  • Imunossupressores: ajudam a controlar a ação do sistema imunológico, evitando, assim, maiores danos a órgãos, como a pele.
Pessoa com uma doença reumatológica - Dr. Marcelo José Uchoa Corrêa Reumatologista de Belém - PA

Fisioterapia para esclerodermia

Em muitos casos, o especialista irá sugerir sessões de fisioterapia para complementar o tratamento da esclerodermia. Pois, como sabemos, as articulações podem ser prejudicadas, influenciando diretamente na movimentação.

A fisioterapia pode evitar que a rigidez se agrave e ainda melhorar o quadro, permitindo que o paciente recupere sua mobilidade natural do dia a dia. Isso é especialmente necessário quando a doença atinge articulações fundamentais para a execução de diversas tarefas e movimentos rotineiros, como as mãos e os pés.

Sendo assim, podemos definir os principais objetivos das sessões:

  • Garantir que o paciente tenha o maior nível possível de autonomia, mesmo com o agravamento do problema;
  • Fazer com que ele tenha mais controle da força muscular;
  • Proteger as articulações e aumentar a mobilidade;
  • Melhorar a circulação sanguínea e reduzir a dor.

O número de sessões vai variar conforme a gravidade do quadro. Por se tratar de uma doença crônica, a fisioterapia pode passar a fazer parte da vida da pessoa por muitos anos.

Cirurgia

Não é comum que esse tipo de reumatismo seja tratado por meio de cirurgia. Mas, esta passa a ser uma opção quando os casos se tornam muito graves, causando comprometimento severo de alguns órgãos.

Por exemplo, quando o fenômeno de Raynaud se intensifica e resulta em grandes hemorragias que danificam as pontas dos dedos, pode ser necessário realizar uma amputação.

Já quando os pulmões são muito afetados, a capacidade respiratória do paciente é severamente prejudicada, o que o torna um candidato para o transplante pulmonar.

Por fim, alguns pacientes com esclerodermia, que sofrem com comprometimento severo da pele, podem realizar uma cirurgia plástica reparadora, que tem o objetivo de melhorar o aspecto da área e impedir que a movimentação seja prejudicada. 

Qual o prognóstico da esclerodermia?

O prognóstico da doença varia conforme seu tipo e gravidade. Para começar, é raro que um caso de morfeia se transforme em esclerodermia sistêmica. Além disso, são poucos os casos em que as lesões têm alguma associação com outras doenças autoimunes.

Entretanto, a versão localizada da doença pode não se limitar à pele e acabar atingindo outros órgãos, provocando deformidades. Assim, quando as crianças são atingidas por essa condição, há chances de uma recuperação completa, mas também é possível que a enfermidade evolua de forma debilitante e progressiva.

No geral, os casos de morfeia apresentam um curso moderado e limitado, com a doença mantendo-se ativa por alguns anos. Ademais, quando os membros inferiores são atingidos, há a possibilidade de atrofia dos tecidos, provocando diferenciação no tamanho das pernas.

A morfeia também é responsável por atrofia óssea e deformidades faciais em alguns casos. Quando ela atinge crianças, há riscos de ocasionar problemas de crescimento, limitações físicas a longo prazo, assimetria facial e problemas psicológicos.

A esclerodermia e o frio

Como sabemos, muitos pacientes com esclerodermia sofrem do chamado Fenômeno de Raynaud, que deixa os dedos das mãos e dos pés esbranquiçados e azulados quando as temperaturas estão mais baixas.

Esse problema pode trazer algumas complicações, como a formação de feridas nos dedos. Por isso, é muito importante que o paciente saiba como se proteger do frio. A seguir, reunimos as principais recomendações.

Use roupas quentes no corpo inteiro

Muitos pacientes se preocupam demasiadamente com a proteção das mãos e dos pés, o que é muito importante, mas não deve ser o único foco. Isso porque é fundamental conservar a temperatura interna e, para tanto, todo o corpo deve estar protegido por meio de blusas e calças.

Não utilize meias com algodão puro

Em um primeiro momento, as meias de algodão são eficientes em aquecer os pés. Entretanto, elas podem ficar molhadas de suor e fazer com que a temperatura no local baixe. O mais indicado é dar preferência para meias que misturem algodão e outro tecido.

Use roupas que deixem o corpo respirar

Mesmo durante o frio, o suor continua a funcionar como um regulador de temperatura, então é possível que suas glândulas sudoríparas entrem em ação, sobretudo nas mãos, pés e axilas. 

Assim, se o tecido das roupas não for adequado, ele pode ficar molhado e fazer com que a temperatura abaixe lentamente.

Evite roupas muito apertadas

Não utilize roupas apertadas em qualquer parte do corpo, pois elas podem prejudicar a circulação sanguínea e interferir diretamente na temperatura, potencializando os sintomas da esclerodermia.

Idosa com frio nas mãos - Dr. Marcelo José Uchoa Corrêa Reumatologista de Belém - PA

Utilize boas luvas

As luvas mais recomendadas são aquelas que cobrem todos os dedos ao mesmo tempo e permitem o contato interno entre eles, mantendo o calor de forma mais eficiente. Os modelos que separam os dedos não são tão efetivos, sobretudo em climas mais frios.

Utilize algumas camadas de roupas

Se você for a locais com temperaturas muito rigorosas, a melhor escolha é usar mais de uma camada de roupa, pois, assim, você preserva melhor o calor e permite que o corpo se habitue às mudanças de temperatura. 

Nesse sentido, utilize um tecido sintético na primeira camada. Dessa forma, a transpiração é mais facilmente separada do contato com a pele.

Mantenha a cabeça protegida

Usar toucas e gorros pode ser incômodo, mas, quando o clima está frio, eles são essenciais para manter o corpo aquecido, influenciando a temperatura dos pés e das mãos. Isso ocorre porque é pela cabeça que perdemos a maior quantidade de calor, de forma que ela deve estar devidamente protegida.

Problemas que a esclerodermia pode causar na vida sexual dos pacientes

A esclerodermia pode afetar até mesmo a vida sexual dos pacientes e essa é uma questão a ser analisada com atenção. As principais queixas incluem:

  • Baixa autoestima: os pacientes que sofrem com dores e problemas na pele podem ficar deprimidos e com a autoestima reduzida, afetando seu desejo sexual ou causando insegurança e consequente redução do número de relações;
  • Limitação de movimentos: não é incomum que as pessoas com a doença apresentem dor e rigidez, o que acaba por limitar os movimentos e dificultar o início de uma relação sexual;
  • Fadiga: muitas vezes os pacientes apresentam uma sensação de cansaço extremo, o que é causado pelos outros sintomas da doença e também pelas questões emocionais de ter que lidar com uma enfermidade crônica;
  • Fenômeno de Raynaud: esse fenômeno pode surgir durante a atividade sexual e causar muito desconforto;
  • Secura vaginal: alguns medicamentos usados no tratamento podem dificultar a lubrificação feminina;
  • Disfunção erétil: embora seja menos comum, a doença pode causar alterações penianas e levar à disfunção erétil. Alguns pacientes também sofrem de Peyronie, uma doença que provoca inflamação e desconforto no pênis.

Para resolver esses problemas, é fundamental haver um diálogo aberto entre os parceiros; assim, eles podem procurar maneiras de minimizar os desconfortos e tornar as relações mais prazerosas. Também é fundamental falar sobre o problema com um reumatologista Unimed ou de outro plano de saúde.

Homem com dor no maxilar decorrente da esclerodermia - Dr. Marcelo José Uchoa Corrêa Reumatologista de Belém - PA

Esclerodermia e higiene bucal

Em alguns casos, o paciente com esclerodermia precisará ser acompanhado por um reumatologista e por um dentista, pois algumas manifestações bucais são possíveis, como:

  • Xerostomia: uma condição em que o funcionamento das glândulas salivares é prejudicado, deixando a pessoa com a boca seca;
  • Microstomia: que é a redução da amplitude de abertura da boca;
  • Infecções por fungos;
  • Reabsorção óssea da mandíbula;
  • Aumento de cáries e de outros problemas periodontais mais comuns.

Impactos da doença na saúde mental

Por causar problemas na pele, esse tipo de reumatismo tem grande impacto na autoestima e na saúde mental do paciente. Dessa forma, muitos tendem a se isolar e a desenvolver quadros de depressão e ansiedade.

Por isso, além do acompanhamento com reumatologistas, o paciente deve se submeter a consultas regulares com psicólogos e psiquiatras, além de estudar a doença para entender melhor seus efeitos.

É importante que o paciente perceba que os tratamentos modernos para a esclerodermia podem melhorar sua qualidade de vida significativamente, controlando os sintomas, impedindo a progressão rápida da doença e permitindo que o acometido tenha conforto em suas atividades rotineiras.

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O Dr. Marcelo Corrêa é formado pela UFPA, com residência em Clínica Médica pela Universidade de Taubaté e em Reumatologia pela Universidade Federal de São Paulo/Escola Paulista de Medicina e Mestrado em Reumatologia pela mesma instituição. CRM/PA 6388. RQE 5441.

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