Artrites: saiba quais os tipos e qual é mais perigosa

Mão de mulher idosa com dores causada por artrite.Site: Dr. Marcelo Correa - Reumatologista em Belém (PA)

As artrites representam um conjunto de condições médicas que afetam milhões de pessoas ao redor do mundo, caracterizando-se como processos inflamatórios que acometem as articulações do corpo humano. Essas condições, que se referem a mais de 100 tipos diferentes de doenças, podem causar dor intensa, limitação de movimentos e, em casos mais graves, incapacidade funcional significativa. Dados brasileiros indicam que mais de 15 milhões de indivíduos enfrentam diferentes formas de doenças reumáticas, configurando-se como um dos motivos mais frequentes para licenças médicas e ausências laborais.

Compreender as diferentes manifestações desses problemas é fundamental para o diagnóstico precoce e tratamento adequado. Enquanto algumas formas são relativamente benignas, outras podem apresentar complicações graves que colocam a vida em risco. Portanto, conhecer as diferentes formas dessas condições, seus tratamentos e estratégias de prevenção pode fazer toda a diferença na qualidade de vida e no bem-estar de quem enfrenta esses desafios de saúde.

O que são as artrites e qual a causa?

As artrites são definidas medicamente como processos inflamatórios que afetam uma ou mais articulações do corpo humano. O termo deriva do grego “arthron” (articulação) e “itis” (inflamação), caracterizando-se pela presença de inflamação no tecido intra-articular, especialmente na membrana sinovial que reveste as articulações móveis.

O processo inflamatório resulta em sintomas clássicos que incluem dor articular, inchaço, calor local, vermelhidão e rigidez, especialmente pela manhã. Dependendo do tipo específico de artrite, a inflamação pode ser classificada como de alto grau, como na artrite reumatoide, ou de baixo grau, como na osteoartrite.

As causas destas condições são multifatoriais e incluem alterações no sistema imunológico que levam a doenças autoimunes, desgaste natural das articulações devido ao envelhecimento, traumatismos diretos ou repetitivos, excesso de peso corporal que sobrecarrega as articulações, predisposição genética, infecções bacterianas, virais ou fúngicas, al;ém de fatores ambientais, como o consumo excessivo de álcool.

A compreensão das causas específicas é essencial para o desenvolvimento de estratégias preventivas eficazes e para a escolha do tratamento mais apropriado. O diagnóstico precoce permite intervenções mais direcionadas e melhores resultados clínicos a longo prazo.

Quais são os tipos de artrites mais comuns?

O universo dessas doenças é vasto, abrangendo mais de uma centena de variações distintas, sendo que cada forma apresenta particularidades e manifestações próprias. Entre as mais prevalentes, destacam-se sete tipos principais de artrites que representam a maioria dos casos diagnosticados na prática médica:

Artrite reumatoide: constitui o tipo mais emblemático das condições inflamatórias. Trata-se de uma doença autoimune sistêmica e crônica, que afeta predominantemente mulheres entre 40 e 60 anos. Manifesta-se através do acometimento bilateral das juntas, com predileção por extremidades, como pulsos, dedos, pés e região do tornozelo. O enrijecimento articular ao despertar, persistindo por períodos superiores a 60 minutos, constitui um sinal distintivo dessa enfermidade.

Osteoartrose: denominada igualmente como artrose, configura-se como a modalidade predominante entre as condições degenerativas articulares. Origina-se fundamentalmente da deterioração gradual do tecido cartilaginoso que protege as superfícies ósseas nas juntas. Afeta aproximadamente 20% da população, sendo mais prevalente em indivíduos acima de 40 anos e constituindo a terceira causa de afastamento do trabalho.

Artrite psoriática: surge em determinados indivíduos que já apresentam psoríase cutânea. Essa forma pode afetar qualquer articulação do corpo, incluindo as interfalangeanas distais. Os sintomas articulares frequentemente acompanham as manifestações cutâneas da psoríase, criando um quadro clínico complexo.

Gota: constitui uma modalidade particular originada pela deposição de cristais úricos no interior das juntas articulares. Manifesta-se através de episódios agudos de dor intensa, vermelhidão e inchaço, afetando frequentemente o dedão do pé, embora possa ocorrer em tornozelos e joelhos.

Artrite séptica: constitui uma emergência médica caracterizada por infecção grave dentro de uma articulação, geralmente causada por bactérias. Pode afetar qualquer articulação e apresenta sintomas como dor intensa, inchaço, vermelhidão e febre.

Espondilite anquilosante: afeta principalmente a coluna vertebral, podendo também causar inflamação nas articulações dos quadris. Caracteriza-se pela rigidez e dor na região lombar, podendo progredir para a fusão dos ossos da coluna.

Lúpus eritematoso sistêmico: embora seja primariamente uma doença autoimune sistêmica, frequentemente apresenta manifestações articulares significativas, causando dor e inchaço em múltiplas articulações.

Mulher com mãos no joelho esquerdo.Site: Dr. Marcelo Correa - Reumatologista em Belém (PA)

Quais os tipos de artrites mais perigosa?

Entre todos os tipos de artrites conhecidos, a artrite séptica ou bacteriana é considerada a mais perigosa e representa uma verdadeira emergência médica. Esta forma caracteriza-se por uma infecção grave dentro da articulação que pode rapidamente danificar a cartilagem articular e se espalhar por todo o organismo. Quando não recebe intervenção médica urgente, pode progredir para um quadro séptico, situação que oferece risco de morte.

O perigo dessa infecção articular está relacionado ao seu potencial de causar danos estruturais rápidos às juntas e desencadear complicações severas que afetam todo o organismo. O processo infeccioso pode causar danos irreversíveis à cartilagem em questão de horas ou dias, resultando em perda permanente da função articular.

A artrite reumatoide representa o segundo tipo mais perigoso devido às suas complicações a longo prazo. Esta doença autoimune pode reduzir  significativamente a expectativa de vida dos pacientes através de complicações cardiovasculares, pulmonares e infecciosas. Indivíduos acometidos enfrentam maior probabilidade de manifestar problemas cardíacos em decorrência do processo inflamatório persistente que compromete a integridade vascular.

As complicações pulmonares incluem a doença pulmonar intersticial, uma condição grave que afeta a capacidade respiratória. Além disso, os medicamentos imunossupressores utilizados no tratamento podem aumentar o risco de infecções graves.

Estudos demonstram que as artrites inflamatórias podem reduzir a expectativa de vida em 5 a 10 anos quando comparadas à população geral, principalmente devido ao aumento do risco de doenças cardiovasculares.

É fundamental reconhecer os sinais de alerta: dor articular insuportável com febre pode indicar artrite séptica; falta de ar severa pode sinalizar complicações pulmonares; dor no peito súbita pode indicar eventos cardiovasculares agudos.

O que é mais grave: artrites ou artrose?

A distinção entre artrites inflamatórias e artrose é fundamental para compreender qual condição apresenta maior gravidade. As formas inflamatórias de artrites costumam ser classificadas como mais severas em comparação à artrose, uma vez que possuem capacidade de provocar lesões articulares aceleradas e permanentes.

O processo inflamatório de alto grau característico das artrites pode levar à destruição acelerada da cartilagem articular, erosão óssea e formação de deformidades significativas em um período relativamente curto. Além disso, frequentemente apresentam manifestações sistêmicas que podem afetar múltiplos órgãos.

Em contrapartida, a artrose manifesta-se como uma deterioração gradual e progressiva, originada pelo envelhecimento natural do tecido cartilaginoso. Apesar de poder gerar desconforto intenso e restrições de movimento, dificilmente demonstra a capacidade de destruição acelerada típica das modalidades inflamatórias.

Na perspectiva médica, as formas inflamatórias exibem enrijecimento matutino duradouro (superior a 60 minutos), diferindo da rigidez transitória da artrose (inferior a uma hora). A dor de repouso é característica das condições inflamatórias, enquanto na artrose a dor é predominantemente mecânica.

O impacto sistêmico representa outra diferença crucial. As condições inflamatórias podem causar fadiga intensa, perda de peso, febre e manifestações extra-articulares. A artrose raramente apresenta manifestações sistêmicas significativas.

Quanto à evolução clínica, as modalidades inflamatórias que não recebem terapia apropriada têm potencial para gerar limitações funcionais severas em um intervalo de tempo reduzido. A artrose permite maior preservação da função articular por períodos mais prolongados.

O que é bom para combater as artrites?

O tratamento das artrites requer uma abordagem multidisciplinar, uma vez que a maioria destas condições não possui cura definitiva. No entanto, diferentes modalidades terapêuticas têm demonstrado eficácia significativa no alívio dos sintomas e controle da progressão da doença.

O tratamento medicamentoso constitui a base da terapia. Para as condições inflamatórias, os medicamentos anti-reumáticos modificadores de doença (DMARDs) representam o padrão-ouro, incluindo metotrexato, sulfassalazina e hidroxicloroquina. Em casos refratários, os agentes biológicos oferecem alternativas avançadas com excelentes resultados.

Os medicamentos sintomáticos incluem anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) para reduzir a inflamação e aliviar a dor, além de analgésicos simples quando necessário. A utilização contínua de anti-inflamatórios não esteroidais demanda acompanhamento médico em razão dos possíveis riscos digestivos e cardíacos associados.

A reabilitação física constitui elemento fundamental do tratamento, objetivando manter e restaurar a amplitude de movimento das juntas, desenvolver a força dos músculos adjacentes e aprimorar o desempenho funcional. Exercícios específicos de amplitude de movimento, fortalecimento muscular e condicionamento cardiovascular devem ser prescritos individualmente. A hidroterapia tem demonstrado benefícios especiais, permitindo exercícios com menor impacto articular.

A terapia ocupacional contribui para a manutenção da independência funcional, ensinando técnicas de proteção articular, adaptações do ambiente e uso de dispositivos auxiliares. Esta abordagem é especialmente importante para pacientes com condições que afetam as mãos.

As mudanças no estilo de vida são fundamentais, incluindo manutenção de peso adequado, prática regular de atividade física adaptada e alimentação anti-inflamatória rica em ômega-3 e antioxidantes. Diminuir a ingestão de produtos industrializados igualmente auxilia no manejo dos processos inflamatórios.

Abordagens terapêuticas alternativas, incluindo acupuntura e técnicas de massagem, são capazes de proporcionar vantagens extras no alívio do desconforto. Em casos avançados com destruição articular significativa, o tratamento cirúrgico pode ser necessário, incluindo procedimentos como sinovectomia, artrodese ou artroplastia total.

Mão feminina recebendo massagem. Site: Dr. Marcelo Correa - Reumatologista em Belém (PA)

Quem tem artrites pode fazer academia?

A prática de exercícios físicos regulares, incluindo atividades em academias, não apenas é permitida para pessoas com artrites, como também é altamente recomendada pelos especialistas. Evidências científicas demonstram que a atividade física adequadamente prescrita oferece benefícios substanciais para pacientes com diferentes tipos de condições articulares.

Os benefícios do exercício são múltiplos: promove o fortalecimento da musculatura periarticular, que atua como suporte natural para as articulações afetadas; estimula a produção de líquido sinovial, facilitando o movimento; e contribui para a saúde cardiovascular, particularmente importante para pacientes com condições inflamatórias.

No entanto, a prática requer precauções específicas e orientação profissional adequada. A intensidade, duração e tipo de exercício devem ser adaptados ao tipo específico, grau de atividade da doença e condição física geral. Durante períodos de exacerbação, exercícios de alta intensidade devem ser evitados.

Os exercícios aquáticos representam uma excelente opção, pois a flutuabilidade da água reduz o impacto nas articulações. Exercícios de fortalecimento com pesos leves a moderados, quando realizados com técnica adequada, também podem ser benéficos para manter a força muscular.

A orientação de profissionais qualificados, incluindo fisioterapeutas e educadores físicos especializados, é fundamental para desenvolver programas seguros e eficazes. Pois esses profissionais podem adaptar os exercícios às necessidades individuais e ensinar técnicas de proteção articular.

Como prevenir as artrites e suas complicações?

A prevenção das artrites constitui uma abordagem fundamental, especialmente considerando que muitas formas não possuem cura definitiva. Embora alguns tipos não possam ser completamente prevenidos, diversas estratégias podem reduzir significativamente o risco de desenvolvimento.

A manutenção de um estilo de vida saudável representa a base da prevenção. Manter o peso ideal revela-se especialmente relevante, uma vez que quilos extras intensificam a pressão sobre as juntas que suportam o corpo. Pesquisas evidenciam que perder somente 5 kg já é capaz de reduzir consideravelmente a probabilidade de desenvolver problemas articulares nos joelhos.

Exercitar-se de forma consistente representa uma das táticas preventivas mais eficazes. Atividades de menor impacto favorecem o desenvolvimento da força muscular, ampliam a mobilidade das juntas e incentivam a formação do fluido lubrificante articular, preservando a saúde das articulações.

A prevenção de traumatismos através do uso de equipamentos de proteção adequados e técnicas corretas de movimentação é essencial. Além disso, a ergonomia no ambiente de trabalho e evitar movimentos repetitivos excessivos também contribuem para a preservação da saúde articular.

A identificação antecipada da doença constitui estratégia fundamental de prevenção, possibilitando intervenção terapêutica rápida antes que lesões permanentes se estabeleçam. Pessoas com fatores de risco devem estar, portanto, atentas aos primeiros sinais e buscar avaliação médica especializada.

A imunização apropriada e o monitoramento clínico periódico finalizam as táticas de prevenção. Dessa forma, seguir rigorosamente o esquema de vacinas em dia é uma atitude capaz de evitar processos infecciosos que desencadeiam sérias complicações nas articulações.

Mulher idosa sendo examinada na região do cotovelo.Site: Dr. Marcelo Correa - Reumatologista em Belém (PA)

Viva bem com saúde articular

As artrites constituem um conjunto diversificado de enfermidades que acometem milhões de indivíduos globalmente, gerando consequências importantes ao bem-estar cotidiano. Conhecer as variadas apresentações clínicas, das modalidades mais leves às que oferecem risco de morte, como a forma séptica, torna-se essencial para a identificação antecipada e o manejo terapêutico apropriado.

O tratamento moderno oferece múltiplas opções terapêuticas que, quando aplicadas precocemente, podem controlar efetivamente os sintomas e prevenir a progressão da doença. A realização de atividades físicas representa elemento fundamental da terapia, mostrando-se segura e vantajosa sob uma supervisão profissional apropriada.

A prevenção através da manutenção de um estilo de vida saudável, diagnóstico precoce e acompanhamento médico regular representam a estratégia mais eficaz para minimizar o impacto dessas doenças. A busca por orientação médica especializada ao primeiro sinal de sintomas pode fazer, então, a diferença entre uma vida limitada pela doença e uma vida plena e ativa, mesmo na presença de condições articulares crônicas.

O Dr. Marcelo Corrêa é formado pela UFPA, com residência em Clínica Médica pela Universidade de Taubaté e em Reumatologia pela Universidade Federal de São Paulo/Escola Paulista de Medicina e Mestrado em Reumatologia pela mesma instituição. CRM/PA 6388. RQE 5441.

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