Pelo menos 70% dos brasileiros já tiveram ou terão bursite em algum momento da vida. Essa doença crônica faz parte do grupo de reumatismo. A inflamação é uma fonte de dor articular comum e gera até perda de mobilidade com o tempo.
Considerando que a doença é crônica e chega a causar atrofia muscular em estágios avançados, o acompanhamento com um reumatologista é importantíssimo. Por isso, trouxemos um guia completo sobre a doença, para você entender o que é, como surge, os seus principais sintomas e os tratamentos disponíveis. Continue lendo e descubra tudo a respeito do assunto.
O que é bursite?
A bursite consiste em uma inflamação das bursas. Essas estruturas encontram-se nas articulações sinoviais e são pequenas bolsas cheias de líquido. A sua principal função é amortecer o atrito provocado pelo movimento, visando proteger os ossos e evitar deformidades, lesões e dores.
Existem cerca de 160 bursas espalhadas em articulações, como cotovelo, tornozelo, joelho, quadril, entre outras. Os primeiros episódios costumam ser isolados e, algumas vezes, acontecem em virtude de uma lesão ou trauma. Nessas hipóteses acidentais, o problema é passageiro e pode nunca mais se repetir, desde que receba o tratamento adequado.
No entanto, a maior parte dos quadros dessa condição inflamatória retorna e é considerada crônica. A inflamação também pode estar relacionada a outros problemas reumatológicos ou mecânicos, como a síndrome do impacto do ombro.
O que leva a pessoa a ter bursite?
São diversos os fatores que podem desencadear o processo inflamatório nas bursas — pequenas estruturas cheias de líquido, que atuam como amortecedores entre ossos, tendões e músculos. Frequentemente, a bursite está relacionada à carga excessiva nas articulações ou à presença de doenças que tornam a região mais vulnerável à inflamação.
Entre as principais causas, destaca-se o movimento repetitivo, comum em atividades laborais ou esportivas que exigem esforço contínuo de uma mesma articulação. Gestos repetidos ao longo do tempo aumentam o atrito local e favorecem microtraumas, especialmente em áreas como ombros, joelhos e quadris.
Traumas diretos, como quedas ou batidas, também podem levar ao comprometimento da bursa. Mesmo uma pancada aparentemente leve pode desencadear o processo inflamatório, principalmente se houver predisposição.
Além disso, alterações posturais, uso inadequado de equipamentos durante a prática de exercícios e até mesmo uso excessivo de tecnologia (como digitação prolongada ou manuseio de celular) contribuem para o desenvolvimento do quadro.
No campo clínico, há ainda causas menos visíveis. Doenças inflamatórias sistêmicas, como artrite reumatoide e gota, aumentam o risco de inflamação nas bursas. Isso porque o organismo passa a reagir contra suas próprias estruturas, favorecendo quadros inflamatórios crônicos. Pessoas com infecções articulares também podem desenvolver a condição, especialmente quando bactérias atingem a articulação via corrente sanguínea.
Outro fator relevante é o envelhecimento. Com o passar dos anos, a redução da lubrificação natural e a fragilidade dos tecidos articulares tornam o sistema musculoesquelético mais suscetível à inflamação. Isso explica por que a incidência é maior a partir da meia-idade, especialmente entre indivíduos que não praticam exercícios de fortalecimento ou alongamento.
Por fim, fatores anatômicos individuais, como desalinhamentos biomecânicos ou diferença de comprimento entre as pernas, podem gerar sobrecarga em áreas específicas, predispondo a episódios recorrentes da inflamação.
O que são reumatismos de partes moles?
A inflamação da bursa faz parte de um grupo especial de reumatismos que atinge as partes moles. Nesse conjunto, encontramos doenças que, diferentemente de outras condições reumáticas, como artroses e artrite reumatoide, atingem tendões, bursas, ligamentos e outras estruturas que não são ósseas.
Algumas das enfermidades que fazem parte do grupo são: tendinite; entesite; e dor miofascial. Elas também são crônicas e precisam de atendimento reumatológico, para receberem o tratamento terapêutico adequado.
Qual a diferença entre bursite e tendinite?
Apesar de frequentemente confundidas, essas duas condições envolvem estruturas diferentes dentro das articulações. A bursite se instala quando há inflamação nessas estruturas, dificultando o deslizamento entre os tecidos e provocando dor. A tendinite, por outro lado, envolve os tendões, que têm a função de conectar os músculos aos ossos e permitir a movimentação.
Os sintomas podem parecer semelhantes, como dor e restrição de movimento, mas há nuances que ajudam na diferenciação. Enquanto a dor provocada pela inflamação da bursa costuma ser mais generalizada e relacionada à pressão ou impacto na área, a tendinite costuma gerar dor localizada, especialmente ao esticar ou contrair o músculo envolvido.
As causas também variam. Lesões por esforço contínuo, desalinhamento postural e tensão excessiva estão entre os fatores que contribuem para o aparecimento da tendinite. Já a inflamação da bursa pode surgir após impactos diretos, infecções ou até como manifestação de doenças inflamatórias crônicas.
Identificar corretamente o quadro exige uma escuta atenta do histórico do paciente, exame físico cuidadoso e, quando necessário, exames de imagem como ultrassonografia ou ressonância. É importante lembrar que as duas condições podem surgir simultaneamente, o que reforça a necessidade de avaliação especializada.
Tipos
Os tipos de bursite podem ser divididos, principalmente, devido à origem e à duração dos sintomas. Dependendo da apresentação da doença, a abordagem terapêutica será distinta. Ao realizar uma visita ao médico especialista, é fundamental relatar os episódios prévios de dor e os sinais de inflamação, para que ele consiga determinar qual o tipo de inflamação está acontecendo.
Além disso, fatores como a articulação afetada, a presença de doenças sistêmicas e o histórico de sobrecarga repetitiva também ajudam a caracterizar o quadro clínico. A diferenciação correta entre os tipos é crucial para evitar recorrências e direcionar o tratamento mais eficaz, que pode incluir fisioterapia, medicações, infiltrações ou mesmo medidas preventivas no ambiente de trabalho.
A seguir, veja as semelhanças e as diferenças entre os tipos agudo e crônico.
Forma aguda
Ocorre quando a bursa é comprimida ou estendida durante algum movimento, como na prática de esportes ou no desempenho de funções do trabalho. Como o local fica inflamado, o paciente também apresenta perda de mobilidade no decorrer do episódio.
É especialmente recorrente em locais onde a bursa é mais superficial, como a região pré-patelar. Em geral, esses quadros indicam melhora, quando o paciente é submetido a medicamentos anti-inflamatórios e respeita a orientação de repouso.
Nos casos agudos, é comum que os sintomas sejam intensos e causem limitação funcional imediata. A dor costuma se concentrar em um ponto específico e tende a piorar quando há contato direto com a região afetada. Embora responda bem ao tratamento clínico, é fundamental evitar a repetição do gesto que provocou a crise, pois isso pode contribuir para a evolução do quadro. Intervenções precoces ajudam a evitar o uso excessivo de medicação e reduzem o tempo de recuperação.
Se o motivo da inflamação for um trauma ou até um movimento errado, a doença raramente volta a aparecer nos próximos meses. Mas, caso isso aconteça, estaremos diante de um quadro crônico.
Forma crônica
Quem passa por diversos processos da inflamação aguda possui o quadro crônico da doença. Nele, a bursa fica inflamada por um período de tempo e melhora durante o tratamento. Entretanto, a dor retorna, quando o indivíduo repete um movimento brusco ou sem motivo aparente.
A dor na região pode desaparecer e voltar várias vezes na semana. Conforme a inflamação persiste, a perda de movimento torna-se mais grave. Os pacientes que não recebem tratamento estão suscetíveis ao desenvolvimento de atrofia muscular em razão dessa limitação.
Esse quadro inflamatório tende a responder com mais dificuldade às terapias convencionais, exigindo abordagens reabilitativas prolongadas e bem estruturadas. Em muitos casos, a dor não é intensa, mas constante, e interfere na realização de tarefas simples do dia a dia. A persistência da inflamação pode gerar alterações estruturais na articulação, exigindo cuidados com postura, ergonomia e fortalecimento muscular. O foco do tratamento passa a ser o controle da dor e a preservação da função, reduzindo ao máximo a chance de agravamento.
Tipos de bursite por localização: o que você precisa saber
Além de ser classificada pela evolução dos sintomas, a condição também pode ser categorizada conforme a área anatômica em que se manifesta. A seguir, veja os principais tipos de bursite que podem afetar os membros inferiores:
Trocantérica
Geralmente acomete indivíduos com alterações no equilíbrio muscular, encurtamento de cadeias musculares ou que ficam longos períodos em pé.
Sintomas: desconforto na lateral do quadril, com possibilidade de irradiação para a coxa. A dor tende a se intensificar ao subir escadas ou ao deitar-se sobre o lado comprometido.
Isquioglútea
Afeta a bursa entre o osso isquiático e os músculos das nádegas. Frequentemente acomete quem permanece sentado por tempo prolongado.
Sintomas: dor mais intensa na parte profunda da nádega, com agravamento ao sentar-se ou ao aplicar pressão na área.
Iliopectínea
Situa-se na região frontal do quadril, entre a estrutura óssea do púbis e o músculo psoas-ilíaco. É mais comum em atletas e pessoas com encurtamento da musculatura anterior da coxa.
Sintomas: incômodo na região da virilha ou na frente da coxa, que se intensifica ao dobrar o quadril.
Pré-patelar
Inflamação da bursa situada à frente da patela (rótula). Frequentemente associada a traumas locais ou atividades que exigem ajoelhar-se com frequência, como jardinagem e limpeza.
Sintomas: inchaço visível e dor na parte anterior do joelho, agravada por pressão ou flexão repetida.
Anserina
Afeta a bursa localizada na parte interna do joelho, logo abaixo da articulação. É comum em pessoas com sobrepeso, osteoartrite ou desequilíbrio muscular.
Sintomas: sensibilidade na parte interna do joelho, com agravamento ao subir degraus, realizar agachamentos ou ao se levantar de posições baixas.
Retrocalcaneal
Trata-se da inflamação localizada entre o tendão de Aquiles e o calcâneo, sendo mais frequente em praticantes de corrida e em pessoas que utilizam calçados que não oferecem o suporte adequado.
Sintomas: dor e inchaço na parte posterior do calcanhar, com desconforto ao caminhar ou correr.

Sintomas da bursite
A bursite causa os principais sinais de inflamação na articulação danificada, como dor, inchaço, vermelhidão, edema e calor. Além disso, os casos classificados como crônicos costumam apresentar perda de mobilidade progressiva, que piora a cada novo episódio.
A dor fica mais intensa durante o movimento ou a palpação da região inflamada e melhora durante o repouso. Há pacientes que também apresentam uma inflamação do tendão próximo à bursa, ou seja, uma tendinite.
Em quadros agudos, é normal que os sintomas tenham resolução espontânea somente com o repouso. Isso é um grande problema, já que desestimula os pacientes a buscarem ajuda médica especializada. Com o avançar do tempo, se a bursa inflamar outra vez, o indivíduo acaba desenvolvendo o tipo crônico da doença.
Quanto tempo dura uma crise de bursite?
O tempo de recuperação durante uma crise de bursite pode oscilar entre dias e semanas, de acordo com a gravidade do quadro inflamatório, a eficácia das medidas terapêuticas e a rapidez com que o tratamento é iniciado.. Quando o diagnóstico é feito logo no início e o manejo é adequado, o quadro tende a regredir mais rapidamente.
Quando o quadro é leve, é comum observar melhora dos sintomas em curto prazo, principalmente com o uso adequado de anti-inflamatórios, aplicação de compressas frias e interrupção temporária das atividades. Entretanto, quando o processo inflamatório se agrava ou não é tratado corretamente, a dor pode se prolongar por semanas e evoluir para um quadro crônico, com reincidências frequentes.
Outro fator que influencia no tempo de recuperação é a persistência de hábitos que geram sobrecarga nas articulações, como movimentos repetitivos, postura inadequada ou esforço físico mal orientado. A falta de adesão à fisioterapia e o retorno precoce às atividades também estão entre os motivos mais comuns para a prolongação dos sintomas.
Para evitar que o episódio se estenda ou se repita, é fundamental respeitar as orientações médicas e permitir que a articulação se recupere completamente antes de retomar a rotina de esforço. Em geral, com acompanhamento adequado, crises isoladas tendem a ser resolvidas em até três semanas.
O que faz piorar a bursite?
A bursite integra o conjunto das afecções por LER/DORT (lesão por esforço repetitivo ou distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho). Os problemas ocorrem em consequência de esforços repetitivos. Eles frequentemente estão ligados à atividade laboral ou aos exercícios físicos praticados pelo indivíduo.
A presença de outras enfermidades reumáticas também é um importante fator de risco para o desencadeamento da inflamação das bursas. Algumas das condições que aumentam a chance de surgimento desse tipo de inflamação incluem gota e artrite reumatoide.
Quem já sofreu traumas ou lesões em articulações grandes do corpo, como joelho e quadril, ainda deve estar atento. É crucial que a pessoa busque um reumatologista, ao perceber os primeiros sinais de inflamação, já que pertence ao grupo de risco.
Esse tipo de doença inflamatória fica ainda mais comum conforme o corpo envelhece, em especial, no quadril. Portanto, a idade também é listada como um fator de risco importante.
A bursite tem cura ou apenas controle?
Nos estágios iniciais de bursite, com tratamento adequado e rápido, há casos em que os sintomas regridem de forma significativa e, eventualmente, podem desaparecer por completo. No entanto, em muitos pacientes, especialmente aqueles expostos a fatores de risco contínuos, como movimentos repetitivos ou doenças inflamatórias crônicas, a condição tende a se tornar recorrente.
É mais apropriado, portanto, falar em controle do quadro, especialmente quando se trata de formas crônicas.O tratamento tem como metas principais minimizar as crises inflamatórias, controlar o desconforto e manter a articulação funcional ao longo do tempo.
Para manter a inflamação sob controle, é essencial investir em mudanças de hábito, reeducação postural, fortalecimento muscular e acompanhamento com fisioterapia. Já em situações em que a causa está relacionada a doenças sistêmicas, o controle da enfermidade de base é determinante para evitar novas crises.
Embora a bursite possa regredir totalmente em alguns casos, o retorno aos fatores desencadeantes, como sobrecarga articular ou prática inadequada de exercícios, favorece o reaparecimento dos sintomas. Isso reforça a importância do acompanhamento médico e da adesão ao plano terapêutico.
Onde a bursite ataca mais?
A inflamação das bursas prejudica as principais articulações do corpo. Confira abaixo as regiões mais acometidas por essa condição reumatológica:
- Cotovelos.
- Quadril.
- Joelhos.
- Calcanhares.
- Dedão do pé.
Na realidade, todas as partes do corpo que desempenham ações repetitivas estão sujeitas ao aparecimento da inflamação. Por isso, a bursite no ombro é tão comum entre os esportistas que executam movimentos amplos com a articulação, como tenistas, jogadores de vôlei e de basquete.
Diagnóstico com reumatologistas
Não importa se o paciente sofre com bursite no ombro ou em outras articulações, somente os reumatologistas podem realizar o diagnóstico correto. Durante a primeira consulta, o especialista deve avaliar os sinais clínicos da inflamação e o histórico familiar do paciente. Caso exista a possibilidade de uma inflamação das bursas no local, ele definirá os exames mais adequados.
O exame de raio-X, bem usual na investigação de lesões, traumas e fraturas, não é muito útil para esses casos. A imagem produzida pelo equipamento não permite visualizar a bursa inflamada. No entanto, ele pode ser usado inicialmente, para descartar a existência de outros tipos de lesões.
Para confirmar o quadro, é preciso utilizar uma combinação de tomografias, exames de sangue e análises do líquido sinovial da articulação.
Tratamentos mais comuns para a bursite no ombro e outros tipos
O reumatologista consegue iniciar o tratamento após o diagnóstico de bursite no ombro ou em outras articulações. A princípio, o maior esforço está em diminuir a dor e a inflamação, por meio de anti-inflamatórios, por exemplo. Os pacientes precisam de alertas quanto à automedicação, devendo evitar qualquer tipo de remédio sem recomendação médica, para não atrapalhar o tratamento.
Ao mesmo tempo, as terapias complementares, como a fisioterapia, ajudam a prevenir a perda de mobilidade articular.
Quem tem bursite pode fazer academia?
A prática de exercícios físicos é possível mesmo em pessoas afetadas pela bursite, desde que haja orientação profissional e respeito aos limites do corpo. A escolha dos treinos deve considerar a condição atual da inflamação, o desconforto relatado e a região articular acometida.
Durante uma crise aguda, o mais indicado é suspender temporariamente os treinos, priorizando o repouso e o controle da inflamação. Forçar a articulação inflamada pode agravar o quadro, retardar a recuperação e comprometer a mobilidade.
Por outro lado, em fases de remissão, os exercícios tornam-se aliados no tratamento. Práticas com menor impacto articular, como pilates, caminhadas, natação terapêutica ou treinos personalizados, favorecem o fortalecimento muscular e o alinhamento corporal, prevenindo a sobrecarga nas bursas.
O ideal é contar com o acompanhamento de um fisioterapeuta ou educador físico que compreenda a condição e possa ajustar as cargas, os movimentos e a frequência do treino. Evitar exercícios repetitivos, com grande amplitude articular ou que exijam esforço máximo sobre a região afetada, é fundamental.
Retomar a academia com segurança depende de avaliação médica individualizada, especialmente em casos crônicos ou recorrentes. O objetivo é garantir que a atividade física favoreça a recuperação e previna novos episódios inflamatórios.
O que é bom para eliminar a bursite?
A bursite pode ser controlada com estratégias combinadas que envolvem medicação, repouso e reabilitação física. O sucesso do tratamento depende diretamente da causa identificada e da fase da doença — se aguda ou crônica — além da adesão do paciente às orientações médicas.
É comum o uso de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) nas fases iniciais. Esses ajudam a reduzir o inchaço e aliviar a dor. Medicamentos como ibuprofeno, naproxeno e diclofenaco são frequentemente prescritos, sempre com acompanhamento médico para evitar efeitos colaterais. Em alguns casos, pomadas ou géis anti-inflamatórios podem ser indicados para uso local, principalmente em articulações mais superficiais.
A fisioterapia é um dos pilares do tratamento, principalmente nos casos recorrentes. O foco está na restauração da mobilidade, redução da dor e fortalecimento da musculatura ao redor da articulação afetada. Técnicas como eletroterapia, ultrassom terapêutico e exercícios de alongamento e reequilíbrio postural costumam ser utilizados de forma progressiva, respeitando a tolerância do paciente.
Além disso, o repouso da articulação é essencial nos momentos de crise, mas precisa ser temporário. A imobilidade prolongada pode agravar o quadro, favorecendo rigidez articular e enfraquecimento muscular.
Em situações em que há acúmulo de líquido ou inflamação persistente, pode-se considerar a infiltração com corticosteroides, um procedimento no qual o médico injeta medicamentos diretamente na região da bursa. Esse recurso é reservado para casos mais resistentes ao tratamento convencional e deve ser usado com critério.
Outro ponto importante é a correção de hábitos que causam sobrecarga articular, como movimentos repetitivos, postura inadequada ou prática esportiva mal orientada. Ajustes ergonômicos no ambiente de trabalho e mudanças na rotina física fazem parte do processo de controle da inflamação.
Já nos casos em que a origem está relacionada a doenças sistêmicas, como gota ou artrite reumatoide, o tratamento da condição de base é imprescindível para evitar recorrências. Nesses quadros, o acompanhamento com um reumatologista é fundamental.
É importante reforçar que o alívio dos sintomas nem sempre representa a eliminação completa da bursite. O tratamento eficaz não depende apenas da melhora imediata, mas da prevenção de novos episódios e da recuperação plena da função articular.
Quando a bursite precisa de cirurgia?
Na maioria dos casos, o tratamento clínico da bursite é suficiente para controlar a inflamação e aliviar os sintomas. A combinação entre medicamentos, fisioterapia, repouso e ajustes nos hábitos costuma proporcionar bons resultados, especialmente quando o diagnóstico é feito precocemente.
Contudo, em quadros mais resistentes ou recorrentes, onde não há melhora mesmo após o uso prolongado de terapias conservadoras, a intervenção cirúrgica pode ser considerada. Essa decisão é sempre individualizada e leva em conta o grau de comprometimento da articulação, a frequência das crises e a interferência na qualidade de vida do paciente.
O procedimento mais comum é a bursectomia, que consiste na retirada parcial ou total da bursa inflamada. Essa cirurgia pode ser realizada por via aberta ou por técnicas minimamente invasivas, como a artroscopia, o que reduz o tempo de internação e acelera o retorno às atividades. A maioria dos pacientes tem alta no mesmo dia do procedimento, e a recuperação completa ocorre em algumas semanas, dependendo da articulação envolvida.
Durante a cirurgia, usa-se anestesia regional ou geral, de acordo com o local da bursa e a complexidade do caso. O pós-operatório pode exigir imobilização temporária, além de sessões de fisioterapia para recuperação da mobilidade e fortalecimento da região operada.
Casos de bursite infecciosa também podem exigir abordagem cirúrgica, sobretudo se houver formação de abscesso ou falha no tratamento com antibióticos. Nessa situação, o objetivo é evitar a disseminação da infecção e preservar as estruturas ao redor.
Embora a cirurgia não seja a primeira escolha ao identificar a bursite, ela se torna necessária quando o problema articular limita a movimentação, provoca dor constante ou compromete o desempenho funcional mesmo com todas as tentativas de controle clínico. Nesses casos, o procedimento é indicado para restaurar a funcionalidade da articulação e oferecer alívio definitivo dos sintomas.